Ações da Petrobras caem à espera de análise da indicação de Caio Paes de Andrade

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São Paulo – A venda de participação nos campos Golfinho e Camarupim à BW Energy, anunciada ontem à noite pela Petrobras é vista como positiva, pois mostra que a petrolífera segue executando alocação estratégica de capital que privilegia a sua atuação no pré-sal e em águas profundas, que já representam mais de 70% do total do seu mix. A avaliação é da corretora Ativa Investimentos.

Nesta sexta-feira, as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) caíram perto de 1%, em dia de alta do Ibovespa (+0,61%), enquanto investidores aguardam notícias sobre a análise, pelo Comitê de Elegibilidade da companhia, da indicação indicação de Caio Paes de Andrade pelo presidente da República Jair Bolsonaro à presidência da estatal, que ontem foi contestada por acionistas minoritários e sindicato.

Em outro comentário, a Ativa avalia que a análise da indicação de Paes de Andrade é importante para o futuro da companhia. “Também dispomos da opinião que a indicação esbarraria em aspectos apontados no estatuto da companhia para nomeação de membros de seu conselho e aguardamos a decisão do Cope para termos uma visão mais clara sobre os próximos passos envolvendo a composição deste”, disse a corretora.

Em 23 de junho, a diretoria executiva da Petrobras aprovou a venda da totalidade de sua participação nos conjuntos de concessões marítimas denominados Polo Golfinho e Polo Camarupim, em águas profundas no pós-sal, localizados na Bacia do Espírito Santo, para a empresa BWE por até US$ 75 milhões.

O valor total da venda inclui US$ 3 milhões pagos na data de assinatura dos contratos de compra e venda, US$ 12 milhões a serem pagos no fechamento da transação e até US$ 60 milhões em pagamentos contingentes, a depender das cotações futuras do Brent e desenvolvimento dos ativos.

A companhia informou que a assinatura do contrato de compra e venda e as etapas subsequentes serão divulgadas ao mercado oportunamente.

Os valores não consideram os ajustes devidos até o fechamento da transação, que está sujeito ao cumprimento de certas condições precedentes, tais como a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O Polo Golfinho está localizado em lâmina dágua entre 1.300 m e 2.200 m, compreendendo os campos de Golfinho, produtor de óleo, e Canapu, produtor de gás não associado, e o bloco exploratório BM-ES23

ANÁLISE DA INDICAÇÃO

Ontem, a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro), com apoio da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados, enviou nesta quinta-feira, ofício aos conselheiros e membros do Comitê de Elegibilidade da Petrobrás notificando-os sobre inconsistências para a nomeação de Caio Mário Paes de Andrade à presidência da Petrobras.

O documento sugere que o nome do indicado de Bolsonaro seja rejeitado, visto o cenário de instabilidade que pode acarretar sua nomeação, disse a FUP, em nota.

A Associação, que reúne petroleiros que também são acionistas da companhia, alerta ainda que caso o nome seja aprovado, buscará os meios legais, tanto nos órgãos de controle, como a Comissão de Valores Mobiliários, quanto no Poder Judiciário, para que a decisão seja revista.

A notificação da Anapetro observa que Paes de Andrade não atende a requisitos técnicos necessários para o cargo, que são exigidos pela Lei das Estatais e o Estatuto Social da Petrobrás. O Senhor Andrade não possui notório conhecimento na área, além de ser formado em Comunicação Social, sem experiência no setor de petróleo e energia, diz o documento.

Paes de Andrade não atende, principalmente, aos requeridos A, B, relativos ao tempo exigido de experiência profissional, e C, que, além do tempo de experiência, exige formação acadêmica compatível com o cargo para o qual foi indicado.

Além disso, o candidato não apresentou certificado de conclusão dos cursos que diz ter feito na Duke University e em Harvard University, nos Estados Unidos. O currículo apresentado pelo indicado de Bolsonaro à Petrobrás fala em pós-graduação em Administração e Gestão pela Harvard University e Mestre em Administração de Empresas pela Duke University. A Petrobrás exige a comprovação por meio dos certificados.

O currículo do novo indicado do presidente Jair Bolsonaro para a presidência da Petrobrás, cujo nome será avaliado nesta sexta-feira (24) pelo Comitê de Elegibilidade da estatal, esbarra em pelo menos dois possíveis impeditivos para sua nomeação: a experiência profissional e a formação acadêmica, escreveu a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, Rosângela Buzanelli, em seus perfis no Twitter e Facebook.

Segundo o presidente da Anapetro, Mario Dal Zot, o governo trata a Petrobrás como uma empresa de fundo de quintal em total irresponsabilidade e falta de respeito aos acionistas e à importância da empresa para a sociedade brasileira. Os impactos financeiros negativos dessas trocas constantes e a tentativa de nomeação de pessoas não capacitadas, como parece ser o caso, demonstram que o governo quer interferir na gestão da empresa para depreciar ainda mais seus ativos colocados à venda”.