Ação do Banco do Brasil lidera altas entre os maiores bancos após resultado trimestral

717

São Paulo – A ação do Banco do Brasil fechou em alta após o resultado positivo do primeiro trimestre do ano, com números acima dos seus concorrentes privados. No fim do pregão, o papel BBAS3 apresentou ganho de 2,53%, a R$ 35,16, acima de Itaú (ITUB4, +1,78%), Bradesco (BBDC3, +0,58% BBDC4,+0,79%) e Santander (SANB11, -0,63%).

O Banf of America (BofA) manteve a recomendação de compra da ação do Banco do Brasil com preço-alvo de R$ 50,00, pois considera a avaliação atrativa negociada a um múltiplo de 4 vezes P/E para o ano 2022, perto das mínimas históricas, principalmente considerando que o ROE melhorou significativamente, mantendo um balanço sólido, com a maior cobertura e índice CET1 entre os bancos brasileiros de grande capitalização.

O banco destacou o lucro líquido de R$ 6,6 bilhões 22% acima de suas estimativas e a forte receita líquida com juros (NII) com o mercado entre pontos altos dos números do primeiro trimestre.

O Itaú BBA considerou o resultado positivo e também bem acima das suas estimativas, destacando as as provisões mais baixas, suportadas por uma qualidade de crédito notavelmente forte, com alta do NII, mas ainda pressionado pelas pressões de financiamento, que compensaram parcialmente a reprecificação da carteira de crédito e os resultados da tesouraria. A receita de serviços foi modesta, mas ainda em linha com as expectativas, enquanto as despesas totais caíram no trimestre.

Os analistas do Itaú também consideram a avaliação da ação atrativa e esperam que o BB apresente o maior crescimento de lucros e melhor qualidade de crédito entre os grandes bancos sob sua cobertura e, por isso, recomendam a ação como a sua preferência no segmento. “Esperamos uma reação positiva das ações”, comentaram ao reiterar a recomendação “outperform” (equivalente à compra) com preço-alvo de R$ 44,00.

Os analistas da Levante Ideias de Investimento também reforçaram as impressões positivas sobre o resultado do BB ao comentar que a qualidade da Carteira de Crédito do banco e os seus Resultados de Tesouraria vão na contramão do que vem sendo apresentado pelos seus concorrentes e, junto com o bom controle em suas despesas, foram os destaques do resultado, possibilitando um Lucro Líquido acima das expectativas. “Dado as surpresas positivas no resultado e os múltiplos que o Banco vem negociando, esperamos uma reação positiva nas ações da companhia no Curto Prazo.”

PERSPECTIVAS SÃO POSITIVAS, DIZEM EXECUTIVOS 

O Banco do Brasil quer acelerar os negócios via open banking e plataformas digitais, como soluções para atendimento digital de clientes PJ e agronegócio e que vai buscar negócios de maior rentabilidade.

“Somos a primeira instituição habilitada a atuar como iniciador de pagamentos e oferecer serviços via open banking”, disse O presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, em entrevista a jornalistas nesta manhã.

O executivo disse que o banco vai lançar o uma plataforma multisserviço para clientes PJ, que oferece gestão de fluxo de caixa e outros serviços para empresas.

A instituição também espera crescer os negócios no Broto, solução para o agronegócio. No primeiro trimestre, a carteira agro cresceu 28,2% para R$ 254,6 bilhões. A plataforma terá novidades, como simulação de crédito, acompanhamento climático e circuito de negócios agro virtual.

A Carreta Agro BB deve passar por cerca de 200 municípios do Brasil, de 60 já visitados, com o papel de ampliar negócios de revenda de máquinas e equipamentos, fertilizantes, em regiões que não tem estrutura para receber uma feira de grande porte. Os gerentes iniciam o trabalho com dois meses de antecedência.

“A carreta contribui com a expansão de crédito para o agronegócio e a ideia é que o projeto cresça ao longo do ano e atenda muito mais pessoas”, disse o presidente do BB, sem detalhar projeções.

Em relação ao crescimento em áreas de maior rentabilidade, os executivos do banco disseram que mantém o apetite mesmo com a piora do cenário econômico, mas avaliando os riscos.

“Nosso apetite por linhas de maior rentabilidade continua igual, com avaliação de riscos. Nossa linha é mais defensiva que a dos concorrentes, temos muitos clientes em consignado por exemplo, mas avaliamos os riscos na oferta de crédito”, disse Ricardo Forni, vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores do BB.

Com isso, o banco tem confiança de atingir a faixa do guidance de margem financeira bruta para o ano, de 11% a 15%, já no próximo trimestre. No 1T22, a margem ficou em 5,6%.

Nesse sentido, o presidente do BB disse que o banco trabalha com correntistas e tem um índice de cobertura confortável, o que dá mais segurança de oferecer crédito em linhas mais rentáveis e de maior risco, mas que também poderá revisar as projeções para o ano (guidance), a medida que as condições macroeconômica piorem.

“Estamos crescendo em linhas de maior risco e margem mas em clientes com melhor histórico e por isso estamos com melhor índice de inadimplência”, disse Ribeiro.

O executivo disse que o banco saiu da 17a posição para ficar entre os três maiores players em serviços relacionados ao comércio exterior. Para crescer nessa frente, a área de atacado realizou visitas aos EUA, Alemanha, Japão, Reino Unido e Paraguai. No 1T22, a Central de Câmbio do banco transacionou R$ 3,7 bilhões de negócios, 80,8% acima do 1T21.

A parceria com o UBS resultou em 258 transações, 41 operações ECM, 26 DCM internacional e 191 DCM local, de outubro de 2020 a março deste ano.

Fausto Ribeiro disse que o resultado do primeiro trimestre confirma a assertividade da estratégia pois mostrou crescimento consistente e bem próximo ou até superior a de seus pares privados e é resultado da estratégia de estar próximo dos clientes, entre outras.

Em março, o Banco do Brasil estava em 96,8% dos municípios brasileiros, 190 bps acima de março de 2021, com 56,7 mil pontos de atendimento (+13,0%).