Ação da Natura despenca após resultados; analistas estimam ano desafiador

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São Paulo – A ação da Natura apresenta forte queda nesta quinta-feira após a divulgação dos resultados da companhia ontem à noite e com analistas estimando um ano desafiador para a companhia de cosméticos. Perto do fim do pregão, por volta das 17h39 de Brasília, o papel NTCO3 caía 9,55%, a R$ 21,68 e era a segunda maior queda do Ibovespa, depois da Embraer (-14,98%).
A XP vê um cenário ainda desafiador para a Natura no primeiro semestre, com alguns efeitos one-offs (principalmente de Avon Intl) e sazonalidade fraca do 1T sendo desafios no curto prazo, além do risco com o conflito entre Rússia e Ucrânia para Avon International, com os dois países representando menos de 5% do grupo e 3% do ebitda, e para as margens via pressão de custo.
Em relatório, a XP disse que, segundo a companhia, a entrada ​da Aesop na China está encaminhada, com sua primeira loja física prevista ainda este ano. “Nós devemos continuar a ver as sinergias de Avon sendo capturadas, com as vendas cruzadas entre Natura/Avon começando a acontecer e a listagem nos EUA foi adiada para um momento futuro”, comentaram os analistas da XP sobre as perspectivas da companhia para 2022.
O Bradesco BBI manteve sua visão positiva sobre as ações da Natura&Co. após os resultados divulgados ontem por uma tese de longo prazo atraente baseada em numa reviravolta da Avon, crescimento em novas regiões,expansão de margem e, eventuais múltiplos de avaliação mais altos. O ponto negativo é um cenário desafiador para as receitas no curto prazo. Os analistas veem as ações negociadas abaixo de sua média histórica (9x versus 12x) e apontam uma visão do múltiplo justo, caso as expectativas sejam alcançadas, de 16x. No entanto, os analistas mantiveram a recomendação “Outperform” “(equivalente à compra) e o preço-alvo de R$55 para o papel.
“Em nossa opinião, embora as tendências de receita continuem fracas, acreditamos que os resultados darão algum alívio e segurança ao mercado, após o fraco 3T21”, comentaram os analistas do BBI, em relatório, em que o fato de a administração ter puxado várias alavancas para proteger as margens é um sinal positivo, após rentabilidade muito fraca no 3T21 e em um cenário de pressões de margens significativas.
“Quanto à reviravolta da Avon, os números mostram uma situação ainda difícil no Brasil, com queda de 27% nas vendas (em linha com as estimativas do BBI), mas o feedback qualitativo da administração indica que o Brasil virou a esquina e que o primeiro mercado na América Latina hispânica (Equador) para lançar o novo modelo comercial está apresentando bons resultados. A Avon International continua fraca, com vendas constantes de câmbio -18% em relação a 2019, mas essa sempre seria a noz mais difícil (e mais lenta) de quebrar; pelo lado positivo, a reestruturação de custos está se concretizando.”