Ação da Braskem dispara mais de 21% após anúncio de oferta do fundo Apolo

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Foto: Divulgação/Braskem

São Paulo – As ações da Braskem disparam mais de 21%, a R$ 33,79, por volta das 15h14, com analistas ainda repercutindo a notícia de que a gestora americana Apollo fez uma nova oferta pela petroquímica, de R$ 50 por ação, 25% acima do ofertado anteriormente, segundo a coluna de Lauro Jardim no jornal “O Globo”. A oferta inclui o fechamento de capital da empresa na B3 e a posterior reabertura na Bolsa de Nova York.

Para os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte, do BTG Pactual, a resposta positiva ao boato é “óbvia” e eles esperam que Braskem responda nas próximas horas, pois a empresa geralmente precisa questionar seus acionistas controladores – entre eles, Petrobras e Novonor (ex-Odebrecht) – sobre qualquer proposta potencial.

“Se confirmado, gostaríamos de receber a notícia, pois R$ 50 por ação ainda está 60% acima preços atuais (79% acima do preço de fechamento de ontem). Uma vez que os acionistas minoritários têm direitos de tag-along, eles seriam capazes de capturar todo o potencial de vantagem”, comentaram.

No entanto, os analistas sugerem uma dose de ceticismo por enquanto, pois os rumores sobre isso têm sido frequentes ultimamente e eles não recomendam que os investidores paguem adiantado por todo o potencial de alta.

“Acreditamos que a dívida da Novonor com seus credores esteja próxima de R$ 14 bilhões, e assumindo que a proposta da Apollo é de fato próxima de R$ 50 bilhões, permitiria à Novonor levantar R$ 15,3 bilhões. A ressalva é que o valor líquido pode ser menor após impostos de ganho de capital, que podem somar mais de R$ 1,6 bilhão”, explicam.

Assim, os analistas ponderam que, embora os credores possam desempenhar um papel relevante no resultado final de qualquer proposta potencial, isto também sugere que as negociações não são tão simples e podem demorar mais algum tempo.

A Ativa Investimentos destaca que, em abril, a gestora havia oferecido R$ 44,57 pelo papel e que consideramos o movimento positivo considerando o preço da ação no momento. “Ressaltamos ainda que interesse do fundo é fechar o capital na B3 e abrir posteriormente na NYSE. Destacamos ainda que, por possuir o mecanismo de tag along, a proposta atual de R$ 50/ação é estendível a Petrobras”, avalia a corretora.

Já o Bradesco BBI avalia que a suposta oferta” poderia ser satisfatória em meio às atuais condições desafiadoras para spreads de resina. Caso essa oferta se concretize, a análise ressalta que a questão-chave é saber se a transação poderia acontecer antes de uma mudança de governo no Brasil. “Acreditamos que um novo governo provavelmente não iria querer a venda da participação da Petrobras na Braskem, comentam os analistas.

Procurada pela Agência CMA, a Braskem não comentou o assunto.

ESG DAY

Em análise sobre o ESG Day da Braskem, realizado ontem, o Bank of America (BofA) recomenda a compra da ação com preço-alvo de R$ 50,00, destacando as metas apresentadas pela empresa, como a de expandir sua capacidade de produção do biopolímero polietileno verde para 1 milhão de toneladas até 20230 das atuais 200 mil toneladas.

O BofA destaca que a Braskem é a maior produtora mundial de biopolímeros, tendo estabelecido em 2010 a primeira planta de eteno verde em escala industrial, localizada em Triunfo (RS). “A Braskem pretende alcançar isso expandindo a capacidade da planta existente para 260 mil toneladas (das atuais 200 mil toneladas) com um capex estimado de US$ 87 milhões; estabelecer novas parcerias, como fez recentemente com a SCG Chemicals, para uma nova planta de eteno verde na Tailândia, e a Lummus, para licenciar conjuntamente a tecnologia de eteno verde da Braskem; e desenvolver e aumentar sua base de ativos”, escreveram os analistas Frank McGann e Leonardo Marcondes, em relatório.

Até 2023, a empresa também busca reduzir 15% das suas emissões absolutas de gases de efeito estufa (GEE), escopos 1 e 2, com base no inventário de carbono, anunciada em 2021, quando criou o programa de descarbonização industrial.

Para atingir seu objetivo, o BofA explica que a Braskem desenvolveu uma Curva de Custo Marginal de Abatimento (MACC), que é uma forma simples e eficaz de visualizar o custo por tonelada de carbono equivalente evitado e a quantidade de toneladas de carbono equivalente que determinada iniciativa poderá mitigar.

A metodologia ajudou a Braskem a mapear 161 iniciativas que podem auxiliar a empresa em seu processo de descarbonização. Dessas 161, a empresa vem priorizando 69 iniciativas, das quais 33 já estão em andamento. Essas 33 iniciativas ajudarão a Braskem a reduzir sua emissão em 7% (0,8 MMt CO2e) e a implementação de todas essas 69 iniciativas (caso sejam VPL positivo), reduziria as emissões da empresa em 31% (3,4MMt CO2 estimados), diz o relatório do BofA.

A análise também cita que a Braskem assumiu o compromisso com a economia circular em 2018 e, desde então, as vendas de produtos com conteúdo reciclado vêm crescendo. Em 2022, a empresa tem como meta vender 54 mil toneladas (aumento de 143% em base anual) de químicos e resinas recicladas e espera aumentar para 1 milhão de toneladas em 2030.

Para isso, a Braskem irá investir em um portfólio de produtos inovadores e sustentáveis de produtos químicos e plásticos, criar um novo laboratório de embalagens circulares (Cazoolo), promover e engajar consumidores em programas de reciclagem e recuperação e construir parcerias para entender, prevenir e resolver a falta de gerenciamento de resíduos plásticos.

A empresa também trabalhará para evitar que 1,5 milhão de toneladas de resíduos plásticos sejam enviados para incineração, aterros sanitários ou depositados no meio ambiente até 2030, diz o relatório do BofA.