71% acham que recuperação da economia levará no mínimo um ano

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São Paulo – A recuperação da economia brasileira levará pelo menos um ano, segundo 71% dos consumidores entrevistados na edição mais recente de um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) a respeito das expectativas dos brasileiros durante a pandemia de covid-19. Na edição anterior, publicada em julho do ano passado, o percentual que previa recuperação só após um ano era de 61%.

O levantamento foi conduzido pela FSB Pesquisa entre os dias 16 e 20 de abril e foram entrevistadas 2.010 pessoas. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais (pp) para mais ou para menos.

De acordo com a pesquisa, 51% das pessoas consultadas em abril deste ano acreditam que a economia só vai se recuperar após mais de dois anos. Em julho do ano passado, os que esperavam retomada da economia neste intervalo era de 39%.

Os que preveem recuperação em até dois anos caíram para 20%, de 22% na edição anterior, enquanto os que esperam recuperação em até um ano diminuíram de 28% para 18%. O grupo que espera retomada da economia em até seis meses caiu 2 pp, para 4%, e o que espera recuperação em até três meses ficou estável em 2%.

Segundo a CNI, a piora nas expectativas é resultado direto da segunda onda de covid-19, que levou o número de mortes e de novos casos para recordes entre março e abril, e da avaliação de que a vacinação contra a doença está devagar.

“Esse sentimento impacta os hábitos de consumo e foi influenciado pela vacinação: 83% dos entrevistados consideram o ritmo de vacinação no Brasil lento e 35% das pessoas que ainda não foram imunizadas não têm expectativa de serem vacinadas esse ano”, disse a CNI em um comunicado.

De acordo com o presidente da Confederação, Robson Braga de Andrade, “só a imunização em massa da população contra a doença recolocará o Brasil no caminho da retomada da economia, do dinamismo do mercado consumidor e na rota dos investimentos. Mais importante, a rápida execução do Plano Nacional de Imunização – respeitando a ordem dos grupos prioritários – permitirá que a população brasileira possa, enfim, contar com a proteção contra essa doença”, afirmou.

EMPREGO E SALÁRIO

A edição atual da pesquisa mostrou que menos pessoas estão com medo de perder o emprego ou de sofrer diminuição da renda em relação ao ano passado.

Do total de entrevistados, 45% acreditam que continuarão recebendo o salário normalmente – ante 43% em julho do ano passado – e apenas 6% não tiveram redução salarial, mas acham que estarão sujeitos a isso no futuro – ante 8% em julho de 2020.

Além disso, 41% dos que trabalham com ou sem carteira assinada acreditam que há chance grande ou muito grande de perderem o emprego. Em julho de 2020, eram 45% e, em maio de 2020, 48%.

Apesar disso, 32% dos trabalhadores afirmaram que a renda diminuiu e 14% perderam totalmente a renda, nos últimos 12 meses. Para 41%, a renda ficou estável e 10% registraram aumento.

ABERTURA DOS SERVIÇOS

A pesquisa mostrou também que a maioria da população vê a necessidade de manter o comércio de rua aberto – mais que os 49% de julho do ano passado. A opinião fica mais dividida em relação à abertura de escolas e universidades (49% contra, ante 47% a favor) e salões de beleza (51% contra e 46% a favor).

Para shoppings, academias, bares e restaurantes, cerca de um terço dos entrevistados é favorável à reabertura, e os outros dois terços contra. Em relação a cinemas e teatros, apenas 18% são a favor da reabertura, enquanto 79% são contra.

Gustavo Nicoletta / Agência CMA (g.nicoletta@cma.com.br)