70ª fase investiga esquema com empresas do setor marítimo

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São Paulo – A Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram, nesta manhã, a 70a fase da operação Lava Jato, que mira supostos processos de corrupção em contratos de fretamento da Petrobras em benefício de grandes companhias do setor marítimo como a Maersk, Tide Maritime e Ferchem, com valores totais que superam R$ 5 bilhões

Foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo juízo da 13 Vara Federal de Curitiba, que objetivam investigar contratos de afretamento de navios celebrados pela Petrobras, vinculados à gerência executiva de Logística da Diretoria de Abastecimento.

A Petrobras necessita ter à disposição navios para o transporte marítimo de produtos, notadamente petróleo e derivados. Para isso, seu departamento logístico realiza o afretamento de navios por meio de negociações efetuadas por escritórios localizados no Brasil e no exterior. Nos contratos de afretamento comumente são partes os armadores, que são os responsáveis pelas embarcações, e os shipbrokers, empresas que atuam como intermediárias (corretores) nas negociações com a Petrobras.

As buscas pretendem investigar o fornecimento de informações privilegiadas que concederam vantagens competitivas a empresas, tendo como contrapartida o pagamento de propina a funcionários da Petrobras. São alvo de investigações contratos de afretamentos firmados com o armador Maersk e contratos intermediados envolvendo os shipbrokers Tide Maritime e Ferchem.

De acordo com a força-tarefa, entre 2002 e 2012, a Maersk e suas subsidiárias celebraram 69 contratos de afretamento com a Petrobras, no valor aproximado de R$ 968 milhões. Já a Tide Maritime figurou em 87 contratos de afretamento marítimo celebrados com a estatal, entre 2005 e 2018, totalizando cerca de R$ 2,8 bilhões. Já a Ferchem, também shipbroker, intermediou ao menos 114 contratos de afretamento marítimo na Petrobras, num valor total superior a R$ 2,7 bilhões, entre 2005 e 2015.