MERCADO AGORA: Veja um sumário do comportamento dos negócios até o momento

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Por Flavya Pereira e Olívia Bulla

São Paulo – O Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa brasileira, vem tendo uma sessão de realização de lucros, em meio à escalada da tensão geopolítica no exterior, após um ataque dos Estados Unidos em Bagdá, ordenado pelo presidente norte-americano Donald Trump, matar um dos homens mais importantes do Irã. O temor de retaliação por parte de Teerã reduz o apetite por risco entre os investidores.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,67% aos 117.775,43 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 8,3 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em fevereiro de 2020 apresentava recuo de 0,65% aos 118.325 pontos.

Em relatório, a CM observa que o aumento das tensões entre EUA e Irã, após Trump ter ordenado um ataque para matar o comandante da guarda revolucionária de Teerã provoca uma forte aversão ao risco no exterior, com o governo iraniano anunciado que a retaliação será “severa”.

Contudo, a equipe de pesquisa da corretora observa que essa maior tensão militar provoca uma forte alta nos preços do petróleo. Com isso, merece atenção o comportamento das ações da Petrobras, que podem ficar divididas entre a maior aversão ao risco no exterior e os ganhos de mais de 4% no barril da commodity.

Para o analista da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva, o recrudescimento do conflito geopolítico deve interromper os recordes nas bolsas de Nova York e de São Paulo hoje, deixando em segundo plano também a expectativa em torno da ata do Federal Reserve, que será divulgada à tarde. “Nesse contexto, os índices acionários das principais bolsas recuam acentuadamente lá fora, abrindo espaço para nova corrida em direção aos ativos que representam segurança”, conclui.

O dólar comercial abriu os negócios em forte alta frente ao real reagindo à tensão geopolítica entre Estados Unidos e China após um ataque aéreo autorizado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, matar o líder militar do Irã, Qassem Soleimani. O governo iraniano, por sua vez, prometeu retaliar. O movimento de forte aversão ao risco deve prevalecer ao longo da sessão.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,37%, cotado a R$ 4,0460 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em fevereiro de 2020 apresentava avanço de 0,34%, cotado a R$ 4,045.

Os Estados Unidos atacaram um aeroporto em Bagdá, no Iraque, na madrugada de hoje e culminou na morte do principal comandante militar do Irã e líder de uma milícia local pró-Teerã. O governo norte-americano confirmou o ataque realizado por um drone. Em resposta, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, prometeu “severa vingança” aos norte-americanos.

O conflito reflete em “elevada” aversão ao risco, em meio à forte alta dos preços do petróleo, o que leva o dólar a ganhar força frente às principais moedas pares e emergentes, destaca o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa.

O movimento de forte aversão ao risco vem um dia após uma sessão de rali no mercado de ações, com índice Ibovespa renovando máximas sucessivas no movimento intraday e o dólar tocar o menor nível em quase dois meses chegando à mínima de R$ 4,0060 também no movimento intradiário.

O diretor da Correparti, Ricardo Gomes, destaca o desempenho otimista não apenas da bolsa brasileira, a B3, como também do risco-País medido pelos swaps de default de crédito (CDS, na sigla em inglês). “O termômetro do risco-país fechou abaixo 97 pontos. Os contratos de cinco anos estão se mantendo abaixo de 100 pontos, menores níveis desde o fim de 2010, quando o Brasil tinha grau de investimento”, ressalta.

À tarde, sai a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), realizada no mês passado, no qual Gomes acredita ficar em segundo plano refletindo o recrudescimento do conflito geopolítico. “[O conflito] deixa em segundo plano a expectativa positiva com a ata bem como deve esvaziar os discursos de dirigentes da instituição programados para hoje”, comenta Gomes.

As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) iniciaram a sessão em alta, recompondo os prêmios retirados no primeiro pregão de 2020, mas passaram a operar em rumo definido diante do aumento da aversão ao risco, após um ataque dos Estados Unidos autorizado pelo presidente Donald Trump matar o líder militar do Irã. O temor de aumento da escalada da tensão geopolítica fortalece o dólar, o que também pressiona a curva a termo, mas os movimentos dos ativos são comedidos.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 4,520%, de 4,525% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 5,25%, de 5,26% após o ajuste da véspera; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,77%, de 5,78%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,41%, de 6,39%, na mesma comparação.