MERCADO AGORA: Veja um sumário do comportamento dos negócios até o momento

608

Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla

São Paulo – O Ibovespa opera em alta depois que a China se mostrou aberta a um acordo comercial parcial com os Estados Unidos mesmo depois que o governo norte-americano adotou medidas contra o país. O acordo feito em torno da cessão onerosa ontem também ajuda a trazer algum alívio, embora o índice já tenha reduzido ganhos e não esteja descartada alguma volatilidade com o cenário externo, enquanto investidores esperam pela ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 0,61% aos 100.593,57 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 6,3 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2019 apresentava avanço de 0,90% aos 100.700 pontos.

“A questão entre China e Estados Unidos é uma novela enorme, ontem pesou nos mercados, mas hoje voltou o bom humor com notícias de compras de produtos agrícolas pela China. O foco essa semana segue sendo a retomada das negociações entre os dois países a partir de amanhã”, disse o especialista em ações da Levante Investimentos, Eduardo Guimarães.

De acordo com a agência de notícias “Bloomberg”, a China está aberta a uma resolução comercial limitada com os Estados Unidos, enquanto uma reportagem do “Financial Times” indicou que a China se ofereceu para aumentar em 50% as compras de produtos agrícolas dos Estados Unidos, para US$ 50 bilhões. As notícias fazem as bolsas europeias e norte-americanas operaram em alta, mesmo depois de os Estados Unidos colocar uma série de empresas chinesas em uma lista negra de exportações, além de suspender vistos para funcionários chineses ontem.

Apesar da melhora do humor hoje, o especialista destaca que a volatilidade está alta e que o mercado acompanhou a fala do presidente do Fed, Jerome Powell, às 12h, e a divulgação da ata da última reunião do Fed, às 15h, embora não sejam esperadas grandes novidades.

Já no Brasil, haverá a votação da distribuição dos recursos da cessão onerosa, que foi usada como “moeda de troca” para garantir a votação da reforma da Previdência em segundo turno no Senado este mês. Ontem, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB), afirmou que concluiu acordo com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e Câmara, Rodrigo Maia, para votar a divisão dos recursos do leilão do pré-sal aos estados e municípios, que ocorrerá em 6 de novembro.

Entre as ações, mas maiores altas são da Gol, que reflete estimativas positivas divulgadas pela companhia para o terceiro trimestre, além das ações da B2W e da Raia Drogasil. Na contramão, as maiores perdas hoje são do setor de proteínas, com JBS, Marfrig e BRF. Para Guimarães, investidores aproveitam notícias negativas sobre algumas empresas hoje para realizar lucros no setor, que vinha tendo um bom desempenho.

Senadores dos Estados Unidos pediram ontem a abertura de investigação sobre aquisições feitas pela JBS no país, devido ao envolvimento da companhia brasileira com casos de corrupção no Brasil e na Venezuela. Além disso, a Arábia Saudita teria restringido compra de fábrica da BRF em Abu Dhabi.

Após operar em queda na abertura dos negócios, o dólar comercial passou a subir frente ao real, renovando máximas acima de R$ 4,11, com investidores digerindo os dados de inflação do Brasil com expectativa de mais cortes da taxa básica de juros (Selic), à espera da votação da cessão onerosa, além de acompanhar as notícias envolvendo Estados Unidos e China à véspera da reunião entre os países para mais uma rodada de negociações a respeito da guerra comercial.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,31%, sendo negociado a R$ 4,1040 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em novembro de 2019 apresentava avanço de 0,19%, sendo cotado a R$ 4,109.

“Há também um fator corretivo depois de cair tanto ontem e na abertura. Isso mostra que o mercado não está totalmente otimista com a guerra comercial, mas sim cautelosamente atento ao desfecho dessa reunião amanhã”, comenta a analista da Toro Investimentos, Stefany Oliveira.

A analista ressalta que o exterior seguirá pautando a cena doméstica enquanto investidores calibram com notícias de Brasília, na expectativa de a cessão onerosa ser votada ainda hoje. Ainda no mercado local, os dados de inflação abaixo do esperado, com o Indice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) registrando queda de 0,04% em setembro – no menor valor para o mês desde 1998, “abrindo caminho” para mais quedas da taxa Selic, reforça Oliveira.

“O real perde carrego frente ao dólar e acaba motivando uma alta pontual já que a diferença da taxa de juros daqui para a dos Estados Unidos fica cada vez menor”, comenta o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti. Ele salienta um movimento pontual de correção após a moeda chegar ao nível de R$ 4,07 mais cedo.

As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) seguem em queda, calibrando as apostas em relação à Selic, após a inesperada deflação do IPCA em setembro. A alta ensaiada pelo dólar, porém, reduz o ímpeto da devolução de prêmios na curva a termo.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2020 tinha taxa de 4,951%, de 4,987% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2021 estava em 4,71%, de 4,82%; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,87%, de 5,97% após o ajuste anterior; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,53%, de 6,61%, na mesma comparação.